sexta-feira, 17 de junho de 2011

Chegada e partida



Bateu forte na porta e ela abriu-a com delicadeza. Tinha os olhos lindos da esperança e vendia sonhos. Apaixonou-se no exato momento em que fitou seus olhos e deslumbrou seu coração. Há muito o desejava e agora podia ser feliz. Era um entardecer lindo e o sol amarelo vermelho apresentava o frescor da alma.

Ouviu o bater da porta e não o viu partir, mas sabia que ele se fora. A madrugada fria e escura não a deixou ver direito o seu caminhar rumo ao infinito. Chorou silenciosamente. O coração sentiu o frio do amanhecer. Não viu a estrela no céu e nem a esperança da volta. Sonho que se desfaz no amanhecer.

Texto: Odair

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Roubaram-me o cavalo alado



Não posso mais sonhar acordado
Pois, preciso para mim mesmo olhar
A fuga tornou-se obsessão
Para livrar-me do pesadelo ao luar.

Seus olhos me lembram o desespero
De uma vida que sucumbiu ao tempo.
Roubaram-me o cavalo alado
Não tenho como fugir com o vento.

Na penumbra sombria da alma
Busco o caminho da liberdade
Na esperança de encontrar a razão
Que afaste de mim a saudade.

Sou fruto da árvore infrutífera
Que nasceu às margens do deserto
Quero correr nos campos floridos
Nos vales da sombra aqui perto.

Roubaram-me o cavalo alado
Mas, quero fugir mesmo assim
Tirem os grilhões que prendem minhas asas
Quero alcançar seus olhos enfim.

Poema: Odair

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Regresso


Um dia bati asas e voei.
Distante do lar
Procurei viver minha vida.
Os sonhos de liberdade
Os anseios de felicidade
Motivaram-me a sair.
Entreguei-me a vida boemia,
Vivi os amores
As ilusões e os calores do mundo.
Vaguei sem rumo
A esperança se foi
E perdido fiquei.
A saudade de casa
Do abraço carinhoso do pai
O calor da família
Fazia-me lembrar do quanto era feliz.
Agora, abandonado na sarjeta,
Sem rumo na vida
Olho para a casa do pai.
Como voltar?
Com os passos trôpegos e indecisos
Ponho-me a caminhar.
Mesmo que seja tratado como um servo
A vida em casa será melhor do que essa que vivo.
O dia do regresso chegou.
Os olhos de meu pai se enchem de lágrimas.
Para minha surpresa
Ele me abraça e diz:
_ Que bom ver você de volta!

Poema: Odair

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Natal de Stone Halls



Aconteceu em uma pequena cidade do Mato Grosso
No final dos anos oitenta
Circulava pela pequena praça da vila
Uma criança que tinha uma vista atenta.

Na noite anterior, véspera de Natal,
Tinha observado as pessoas em festa
Que passava por ele em meio burburinho
Sem saber que em seu estômago nada resta.

Há poucos dias passados sua mãe tinha ido embora
Deixando que ele pudesse sobreviver
Sem a proteção que só uma mãe pode dar
Em um mundo difícil de crescer.

O pai tinha que trabalhar para sustentá-lo
E com ele não podia, naquele dia, estar.
Enquanto as pessoas festejavam
Para ele não sobrava nem um olhar.

O cheiro suave das carnes sendo assada
Em suas narinas chegavam
Deixando sua fome mais apertada
E uma tristeza que seus pensamentos solapavam.

Não sabia por que passava por aquilo
Pois era uma criança que desejava a felicidade
Que tanto propagavam nesses dias
Mas que, para ele, só existia a saudade.

Com os olhos fundos de tristeza
Olhava para as casas cheias de gente
Sentia-se sozinho naquele universo
E sabia que, para eles, era indiferente.

Em sua cabecinha ficava uma inquirição
Que parecia resposta não ter
Por que falavam tanto em espírito natalino
Se ninguém importava com o seu sofrer?

Poema: Odair

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Poema do meu nome I



Onde nasce uma emoção
Deixo ali meu coração, querida,
Ainda que me entorpeça
Insisto em dar-te minha vida
Razão de sentir essa solidão.

Jamais devo esquecer-te
Onde aprendi a te amar
Sei que te desejo profundamente
E não posso viver sem o teu olhar.

Poema: Odair

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O dia em que morri


Ali estava eu
Deitado imóvel e frio naquele caixão
As mãos cruzadas sobre o peito
Roupas novas e uma linda decoração.

Indivíduos transitavam ao redor do corpo
Falando coisas boas a meu respeito
Outros sorriam zombeteiramente
Porque não me conheceram direito.

Pessoas amadas choravam
Deixando transparecer o sentimento
Lembrando dos belos momentos
Em que, juntos nesta vida, caminharam.

Era uma noite de incertezas
Cercada de choros e canções
Iluminando o que fiz nessa vida
Do sentimento e das emoções.

Quatro braços conduziram
O esquife para o cemitério
Lançaram terra sobre o mesmo
E ali acabou o mistério.

Na madrugada fria de inverno
De choro e rosto tristonho
Vi que não estava no inferno
Pois, tinha acordado do sonho.

Poema: Odair

sábado, 17 de julho de 2010

Homens Medíocres



"Os homens medíocres cumprem um importante papel nos grandes acontecimentos unicamente porque não se encontram lá.”

Talleyrand-Périgord, Charles

Acompanhando durante alguns dias o aglomerado de pessoas a perambular pelas ruas de nossa cidade deparei-me com a necessidade de analisar uma questão que, para mim, é bastante pertinente neste momento: a mediocridade humana.
Já escrevi alguns textos sobre o que penso a esse respeito, no entanto, é salutar expor as minhas idéias a esse acatamento.
São pessoas que vivem dias e noites nos bares e botecos da cidade. Não pensam em trabalhar e, muito menos em estudar. Levam a vida só na farra e na gandaia e não tem expectativas de dias melhores.
Passam pela vida.
Existem, mas não sabem o que é viver.
Reclamam do governo, maldizem os acontecimentos, mas não fazem nada para mudar a situação.
Fiquei indignado com isso até que me veio à resposta. Sim! Eles são importantes! Os homens medíocres são importantes.
Sem eles não teríamos os gênios, os pensadores, os intelectuais. Sem eles ninguém me notaria ou daria importância para o que escrevo.
Então me dirigi até um deles e o abracei. Eles não entenderam nada. Mas como iam entender? São medíocres!

Texto: Odair